Eye-Height é uma performace-instalação que se baseia numa premissa inicial: um objecto coreográfico que activa um dispositivo cenográfico/instrumental.

O dispositivo cénico apresenta-se como um palco de 6×6 metros, composto por 9 módulos constituídos em madeira, com uma superfície de topo de altura variável (40 a 75 cm), que mantém um carácter horizontal mas ondulado. Este objecto comporta-se como uma caixa de ressonância para os ruídos provocados pela fricção e percussão dos corpos na superfície do topo. Cada um destas acções é ‘auscultada’ pela caixa de ressonância, que amplifica esse ruído, e induz também a vibração de um conjunto de cordas por cada um dos nove módulos.

Estará presente, em cada apresentação, uma espécie de ‘manto sonoro’ de afinação definida, cuja composição depende da posição dos bailarinos, sobre o qual surgem os ruídos mais percussivos dos corpos em movimento.

O movimento desenvolve-se dentro de estruturas de improvisação pré-estabelecidas ao nível das dinâmicas e características, não estando sujeito a uma predeterminação coreográfica propriamente dita. Os músicos servem-se das mesmas orientações estruturais, desenvolvendo-se numa lógica de improvisação livre, num léxico sonoro que se ocupa maioritariamente de ‘pequenos ruídos’. O movimento e o som aludem a uma utilização mínima de esforço produzindo uma imagem hipnótica e dormente. Balanço, velocidade, silêncio, imobilidade, densidade, intensidade são noções que ajudam a articular as acções coreográficas e musicais.

A horizontalidade dos corpos e a correspondência da altura do palco à linha do olhar do público, convoca a imagem de paisagem e intensifica a percepção e a concentração do olhar no movimento conjunto. A paisagem, neste sentido, é conseguida a partir de transformações lentas e orgânicas, sempre mergulhadas na noção de um evento conjunto, marcado pela singularidade de cada performer.

O desenho de luz e os figurinos têm como principal objectivo a clarificação destes pressupostos. Pretende-se que a luz intensifique a relação horizontal com o acontecimento ajudando a estratificar os planos ou comprimindo a profundidade do palco, e que a matéria dos figurinos confira diferentes timbres às acções sobre o palco.