Aceda aqui aos projectos radiofónicos desenvolvidos pelos artistas, investigadores e colectivos convidados para esta segunda edição da EIRA. Ouça também as suas conversas com membros da OSSO.
Ladrão da noite
Partindo da ideia do boato, Horácio Frutuoso e Fernão Cruz irão trabalhar o espaço que resulta entre o verosímil e a farsa. Tendo como ponto de partida a experimentação de uma geografia ainda não explorada, os artistas propõem um jogo entre a simulação do que pode ser uma falsa realidade, utilizando o som (através da rádio) e a paisagem (explorada pelo terreno do local). Tal como qualquer boato, não se prevê a consequência do seu resultado, bem como a sua materialização.
Conversa de Ricardo Jacinto com Fernão Cruz e Horácio Frutuoso | 14.10.2020
Conversa de Nuno Morão e Ricardo Jacinto com Fernão Cruz e Horácio Frutuoso | 17.10.2020
Arena
Profecias de São Gregório
Fernão Cruz (1995) vive e trabalha em Lisboa. A sua prática artística tem-se vindo a revelar pela confluência entre o seu principal motivo, a pintura, com a escultura, instalando-a como representação de deambulações de uma situação ou cena imaginada. O seu trabalho foi apresentado em galerias, instituições e feiras de arte internacionais. O seu trabalho está representado entre algumas das coleções de arte mais relevantes no país.
Horácio Frutuoso (1991) vive e trabalha entre Lisboa e o Porto. A sua prática artística cruza a pintura com poesia gráfica, recorrendo por vezes a diferentes meios plásticos. Tem exposto o seu trabalho com regularidade desde 2011, tendo mostrado o seu trabalho em importantes instituições portuguesas e feiras de arte internacionais.
“Espírito Santo”
Sendo essencialmente um colectivo que se dedica à programação cultural, o Grémio Caldense vê nesta residência a oportunidade de criação de projectos sonoros inspirados no trabalho, colaborações e afinidades que desenvolveu até agora.
O colectivo vai apresentar, durante este período, um conjunto diversificado de momentos de escuta que irá desde o registo de passeios sonoros e de paisagens urbanas, à recolha de pequenas conversas, bem como um ciclo de concertos de improvisação livre gravados para este contexto.
A natureza desta residência assenta assim na colaboração com um conjunto alargado e heterógeneo de intervenientes e convidados, como são exemplo os habitantes de S Gregório, os transeuntes Caldenses, as crianças do nosso círculo de amigos, os músicos da nossa rede de programação, e a relação deste conjunto de pessoas com a cidade, a aldeia e os espaços que vivemos e temos vindo a ocupar nos últimos anos de actividade.
Concerto AL! (João Almeida e Gonçalo Almeida) gravado a 10.09.2020 na Igreja do Espírito Santo (parte 1)
Concerto AL! (João Almeida e Gonçalo Almeida) gravado a 10.09.2020 na Igreja do Espírito Santo (parte 2)
Concerto Luís Vicente e Mostafa Anwar emitido em directo a 08.10.2020 na Igreja do Espírito Santo
Concerto Paulo Vicente “West” emitido em directo a 09.10.2020 na Igreja do Espírito Santo
Concerto Folclore Impressionista emitido em directo a 14.10.2020 na Igreja do Espírito Santo
Concerto Ondness emitido em directo a 14.10.2020 na Igreja do Espírito Santo
Concerto José Lencastre, Hernâni Faustino e Vasco Furtado emitido em directo a 15.10.2020 na Igreja do Espírito Santo
Concerto Paulo Chagas e Fernando Simões emitido em directo a 16.10.2020 na Igreja do Espírito Santo (parte 1)
Concerto Paulo Chagas e Fernando Simões emitido em directo a 16.10.2020 na Igreja do Espírito Santo (parte 2)
Grémio Caldense (2015) é um grupo informal sediado em Caldas da Rainha, que se dedica à promoção de eventos culturais de natureza artística. A funcionar desde Maio de 2015 e com uma periodicidade praticamente quinzenal, este colectivo organizou até ao presente momento cerca de uma centena e meia de eventos de carácter essencialmente alternativo, diferenciados entre concertos, feiras de edição independente, sessões de cinema e poesia, performances e exposições de artes visuais. Sem sede fixa para as suas actividades, actua numa diversidade de espaços da cidade, desde museus a espaços públicos reutilizados, dos mais convencionais aos mais improvisados, sendo vários os parceiros com quem já colaborou, instituições públicas, entidades privadas e outros grupos associativos.
Pela presença muito equilibrada entre artistas nacionais e estrangeiros na sua programação, o grupo tem colocado as Caldas da Rainha num circuito internacional ligado à cultura artística de carácter contemporâneo e independente.
MEDUSA é um solo de Ricardo Jacinto pensado para violoncelo, eletrónica e objetos ressonantes. Utiliza um sistema de amplificação com microfones distribuídos por diferentes pontos do violoncelo e um sistema de difusão com vários altifalantes de contacto acoplados a objetos ressonantes. Este dispositivo permite explorar a fragmentação e dispersão sónica dos gestos no corpo do instrumento, articulando a auscultação microscópica assim produzida com a paisagem sonora e a acústica do espaço circundante.
Apresentamos agora uma nova versão no formato ensemble — MEDUSA Unit — que expande as ideias iniciais do projeto. Entre o concerto e a instalação, esta nova formação traz um grupo de músicos chamados a interpretar peças que se dedicam a desenvolver estratégias de interação com o espaço de apresentação.
Nesta residência a relação entre os pequenos corpos instrumentais e o vasto espaço da arena radiofónica (no FM), com limites condicionados pela orografia, condições atmosféricas e potência de radiação, será o foco da nossa proposta.
Conversa de Sara Morais com MEDUSA unit ( Álvaro Rosso, Angélica Salvi, Nuno Morão Ricardo Jacinto, Violeta Azevedo e Yaw Tembe) | 03.10.2020
2020 / MEDUSA unit / Eira #2, OSSO, Caldas da Rainha
: concerto-instalação para conjunto de instrumentos acústicos, electrónica, interferências radiofónicas fm e ruídos electromagnéticos ultra-sónicos
A arena de rádio FM da OSSO é condicionada pela orografia circundante, condições atmosféricas e potência de radiação. Em redor da antena de emissão do OSSO podemos ouvir as suas emissões num raio de aproximadamente 10 km.
O concerto foi gravado com um close-miking nos instrumentos electroacústicos dentro do estúdio do OSSO e também num local nos limites do horizonte audível da arena de transmissão FM da OSSO. Aí pode-se ouvir as interferências espúrias com outras estações de rádio FM. Gravações de ruídos electromagnéticos ultra-sónicos do receptor de rádio e do aparelho de gravação onde também são recolhidos. Ambas as gravações áudio foram misturadas em três ficheiros áudio onde a composição musical e a performance são intersectadas com as gravações distantes.
“Antumbra, Penumbra e Umbra” onde foram executadas por Alvaro Rosso (contrabaixo), Violeta Azevedo (flauta), Nuno Morão (percussão, sintetizador), Yaw Tembe (trompete), Ricardo Jacinto (violoncelo, composição e direcção) / Gravação por Suse Ribeiro, Nuno Morão e Ricardo Jacinto / Mistura por Ricardo Jacinto
Antumbra
Penumbra
Umbra
Plasticina Mágica
Neste workshop vamos fazer a nossa própria plasticina elétrica! Os circuitos de plasticina são baseados em dois tipos de massa de plasticina, uma que tem características condutoras (massa colorida) e outra que tem características isolantes (massa branca). Com esta plasticina vamos poder fazer objetos, brinquedos e esculturas, que se iluminam, mexem e fazem barulho.
Esta atividade tem como objetivo apresentar aos mais pequenos os princípios dos circuitos elétricos de uma forma divertida e muito prática, com um material que lhes é familiar e um favorito nos projetos criativos.
Conteúdos:
Eletricidade e circuitos elétricos
Condutividade e resistência de materiais
Circuito aberto, fechado, e curto circuito
Leds, motores e buzzers
Créditos:
O “Squishy Circuits” é um projecto desenvolvido no “Playful Learning Lab” da Universidade de St. Thomas nos Estados Unidos pela professora AnnMarie Thomas. Ela é autora do livro “Making Makers” editado pela Maker Media em 2014.
Links:
Site oficial: http://squishycircuits.com/
Ted talk: https://youtu.be/5M3Dow20KlM
Projeto original: http://courseweb.stthomas.edu/apthomas/SquishyCircuits/index.htm
Livro: http://www.makingmakersbook.com/
Conversa de Sara Morais e Nuno Torres com Maurício Martins | 10.10.2020
MILL – Makers In Little Lisbon é um projecto colaborativo na Colina de Santana, em Lisboa, dedicado à comunidade maker. Interessamo-nos por áreas como as artes visuais, a fabricação digital, a impressão 3D, a robótica educativa, electrónica criativa, a computação física, entre outras.
Maurício Martins, defensor e promotor do uso do software e hardware livres (open-source software & hardware), Maurício desenvolve projectos nas áreas de computação física, interfaces tangíveis e interactivas. Organiza também workshops nas áreas do DIY, Electrónica e 3D Printing. Já colaborou com diversos artistas portugueses no desenvolvimento de soluções interactivas. Em 2010 criou a Leds&Chips.
Colaborou em 2013 no desenvolvimento de actividades e conteúdos da exposição DOING no Pav. do Conhecimento, em 2014 participa com a LEDs&Chips no espaço Makers promovido pela CML no Festival in. Em 2015 fundou o MILL – Maker In Little Lisbon, menção de mérito na Lisbon Makerfaire.
Tiago Rorke. A partir da sua experiência como designer, artista e investigador, Tiago Rorke costuma estar imerso na prototipagem e computação física, ferramentas e detalhes. O seu trabalho oscila entre ferramentas para fazer e ensinar, e máquinas e experiências que questionam as nossas relações diárias com a tecnologia. Nascido em Wellington, Nova Zelândia, Tiago estudou desenho industrial no Victoria University of Wellington School of Design, e foi aluno do Computational Design Lab na Carnegie Mellon University, em Pittsburgh PA. Co-fundador do Diatom, um estúdio em Londres a desenvolver ferramentas do design colaborativo e open-source, Tiago é agora designer freelancer a trabalhar entre hardware e software como residente no MILL, um projecto colaborativo em Lisboa dedicado à comunidade maker.
Conversa de Ricardo Jacinto com Catarina Correia e Sabina Silva, Sociedade Filarmónica de Alvorninha | 13.10.2020
RÁDIO é um OSSO
Rádio é um OSSO longo que forma a parte externa do esqueleto do antebraço, mas também é a balestilha do piloto, um ramo de árvore cortado, o semidiâmetro do círculo, um raio de luz, o elemento químico de número atômico 88 da família dos metais alcalinoterrosos, o aparelho emissor ou receptor de telegrafia e de telefonia sem fio e, finalmente, uma estação radiodifusora que transmite programas pelo sistema de ondas hertzianas… Resta-nos reunir fragmentos de voz, som e sentidos, procurar acústicas e sonoplastias, acumular camadas de significados à poesia e à música através das frequências em que os nossos corpos vibram nas imediações da aldeia de São Gregório.
Raquel Lima e Yaw Tembe
Conversa de Sara Morais com Raquel Lima e Yaw Tembe | 05.10.2020
Efémero
Instruções de movimento
Mantra Ulna-Umero-Humerus-Radio-Radius
Membros inferiores e superiores
O Raio Roeu o Diâmetro da Circunferência
Osso oitenta e oito
Mantra rádio é um osso
Rótula mono 1
Rótula mono 2
Rótula stereo
Tururu
Raquel Lima (1983) é lisboeta das duas margens do Tejo e do Atlântico, de mãe angolana, pai santomense, avó paterna senegalesa e trisavó materna brasileira. Poeta, performer e arte-educadora, raquellima fixa nesta edição em livro & áudio parte de um percurso de dez anos de poesia essencialmente oral, movimento que a levou a mais de uma dezena de países na Europa, América do Sul e África. Durante esse período, apresentou o seu trabalho em eventos de literatura, narração oral, poetry slam, spokenword, performance e música, nomeadamente na FLIP – Festa Literária Internacional de Paraty, FLUP Rio – Festival Literário das Periferias, FOLIO – Festival Literário Internacional de Óbidos, Festival Silêncio, Palavras Andarilhas, entre outros. A transdisciplinaridade com que aborda arte, memória e sociedade, atenta às desigualdades sociais e aliada a uma vontade de encontrar e compreender as suas raízes, levou-a a regressar à academia, onde desenvolve a sua investigação focada em oratura e escravatura em São Tomé e Príncipe no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.
Yaw Tembe é natural da Suazilândia, há vários anos residente em Portugal, licenciado pela Escola Superior de Música de Lisboa (2018) no curso de Jazz e pela Faculdade de Belas Artes do Porto em Escultura, tem vindo a desenvolver um trabalho caracterizado pela exploração dos conceitos de transitoriedade e fragilidade num processo que tem cruzado várias áreas de criação – artes plásticas, vídeo, dança; a música tem sido o maior pretexto para a experimentação em projectos como GUME, Sírius e Chão Maior. Como trompetista, desenvolveu um trabalho baseado na exploração das possibilidades tímbricas deste instrumento através de recursos acústicos tais como a modificação de surdinas e de trompetes e na implementação de processos eletrónicos, tem o trabalho editado em várias editoras nacionais e internacionais, dentre as quais, Clean Feed, Creative Sources, Shhpuma, three: four recordos (CH), A Giant Fern (UK), paralelamente, tem colaborando com diversos criadores (Marlene Freitas, Norberto Lobo, Evan Parker, Joshua Abrams & The Natural Information Society, Orphy Robinson, Hieroglyphic Being, Ricardo Jacinto, etc) apresentado regularmente em Portugal e na Europa.
Um socorro à esperança. O foco na componente radiofônica da residência surge da romantização do próprio meio de transmissão. Será um espaço de procura e amplificação de resistência num formato considerado por alguns “descontinuado”. A pertinência desta fantasia surge através de abordagens colectivas e interpretativas do que a “Rádio” pode ser e expressar. A guerra pela exposição liderada pelo algoritmo fantasma faz com que novas estratégias sejam colocadas em prática para um desvio ao invencível oponente. É claro que a luta viciada deve ser levada a fim não descurando nunca a procura de um outro universo onde a pluralidade é a guia que comanda a liberdade neste momento em questão.
Conversa de Sara Morais e Nuno Torres com Rafael Van Ayres | 11.10.2020
Van Ayres guest – Odete
Van Ayres guest – Mynda Guevara
Van Ayres guest – Inês Carvalho
Van Ayres guest – Fallon Mayanja
Van Ayres guest – Aurora Pinho
Van Ayres – Eros e erros
Van Ayres – Windy Summer
Van Ayres – Descampado
Van Ayres – Sónica II
Van Ayres – Sick
Van Ayres – One another
Van Ayres – Queimada
Van Ayres – Adeus normalidade
Van Ayres – How to Radio
Van Ayres – Suprimida
Van Ayres (1994). Criou juntamente com Rodrigo Soromenho a Maternidade (Colectivo/Promotora de Músicos Independentes) com o intuito de estabelecer uma plataforma de apoio e entreajuda a novos músicos. Apresentou várias performances ao longo dos anos das quais se destacam as prestações no OUT.FEST (Festival Internacional de Música Exploratória do Barreiro), vários concertos na ZDB (Galeria Zé dos Bois) em Lisboa, e a participação no Serralves em Festa, Porto. Beneficiou do Apoio à Edição Fonográfica pela Fundação Gestão dos Direitos dos Artistas, e também da Bolsa de Criação 2019 pela OUT.RA, associação cultural com sede no Barreiro. Estes dois apoios permitiram a
concretização do seu mais recente álbum “Final Spirit”. Recentemente finalizou a Pós-Graduação em Arte Sonora na Faculdade de Belas Artes de Lisboa (2019-2020) e mantém uma pesquisa sonora e performativa com sede no Barreiro.