ESCOLA DOS LABIRINTOS #1

A Escola dos Labirintos #1 foi itinerário de oficinas distribuídas pelos espaços interiores e exteriores da OSSO, onde pequenos grupos de crianças tiveram a oportunidade de experimentar um conjunto de actividades onde a música, o desenho, a escultura, o teatro, o som, o vídeo, a rádio ou a arquitectura se articularam em jogos e dispositivos de criação e fruição colectiva. Contactando criativamente com as especificidades da paisagem envolvente, apelando à imaginação das crianças, sempre mediados pela subjectividade e sensibilidade de cada artista-formador, esta foi uma escola feita de Labirintos onde todas e todos foram convidados a, mais do que procurar uma saída, experimentar o prazer da deriva alimentada pela curiosidade e deslumbramento.

Neste trajecto, todas as crianças transportaram consigo um mapa com um conjunto de perguntas associadas às diferentes actividades e às quais, no final, vieram juntar-se muitas mais!

Como riscas o que ouves? Qual é o som do chão? Onde acontece a música? Tenho uma dúvida: o furo é uma coisa que existe ou que não existe? O tempo é igual para todos? Que som é este? Como fica o longe tão perto? Quando é que sentimos o tempo? Que memórias te trazem estes sons? Que palavras te surgem na imaginação?

Destinada a crianças dos 6 aos 10 anos, a Escola dos Labirintos #1 foi dinamizada por membros do colectivo OSSO (Diogo Alvim, Nuno Morão, Nuno Torres, Pedro Tropa, Ricardo Jacinto e Rita Thomaz) com a participação das Oficinas do Convento, Madalena Matoso, Sonoscopia, Red Cloud Teatro de Marionetas e Ana Luísa Veloso.


FICHA ARTÍSTICA E TÉCNICA
Direcção artística: Ricardo Jacinto
Gestão de projecto: Nuno Torres
Direcção de produção: Francisca Venâncio
Produção executiva: Margarida Patrocínio (estagiária) | Sebastião Casanova
Direcção técnica: Nuno Morão
Assistência técnica: Abel Gutierrez e Juju Bento
Comunicação: Rita Thomaz
Documentação: Sara Morais | Letícia Miguel (estagiária) | Helena Firme (estagiária)
Monitores-participantes: Membros da Sociedade Filarmónica de Alvorninha, Abel Gutierrez, Carla Firme, Ema Jacinto, Júlia Jacinto, Juju Bento e Margarida Patrocínio.
Investigação: Ana Luisa Veloso | Laura Santos

Produção: OSSO
Parceria: Sociedade Filarmónica de Alvorninha
Apoios: Toca dos Láparos e Junta de Freguesia da Nossa Sr.ª do Pópulo, Coto e São Gregório.


 

DESCRIÇÃO DOS MOMENTOS OFICINAIS

O MAPA

1. Adega 2. Castelo 3. Armazém 4. Prado 5. Pomar 6. Eira


NA ADEGA | com Rita Thomaz (OSSO colectivo)

Como riscas o que ouves?

O som riscado
O desenho resulta da relação e diálogo entre suporte, ferramentas de desenho e o nosso corpo“. E os sons à nossa volta? Esses sons caracterizam o ambiente onde estamos, o vento nas folhas das árvores, o canto dos pássaros, o som dos carros, das vozes e dos instrumentos musicais. Será que o os sons podem influenciar as nossas reacções? Como riscas o que ouves? Sobre uma única folha gigante, em grupo, iremos desenhar os sons gravados que ouvimos à nossa volta e iremos observar como é que o som e a criação desses desenhos estão relacionados.

www.ritathomaz.com


NO CASTELO | com Diogo Alvim e com Pedro Tropa (24.06) (OSSO colectivo)

Qual é o som do chão?

Trabalho de mesa
Uma mesa que integra um mapa da OSSO e da sua envolvente, reflectindo uma visão concentrada da experiência global dos espaços pelos quais as crianças irão passar. Com um conjunto de microfones ligados à mesa, as crianças são convidadas a explorar as micro-sonoridades de objectos coleccionados do terreno envolvente, e a criar uma composição colectiva, uma música labiríntica de pequenos ruídos.

diogoalvim.com


NO ARMAZÉM
14.07 // com João Bastos e o Tiago Fróis (OFICINAS DO CONVENTO)

Onde acontece a música?

Glissando-Andante-Funâmbulo
Um caminho entre dois pontos percorrido por um Funâmbulo Mecânico que irá, à medida que se desloca, variar o tamanho destes dois segmentos fazendo soar 2 frequências distintas em que uma sobe e a outra desce, simultaneamente.
Com linhas, caminhos em direções diferentes, iremos explorar dinâmicas sonoras, musicais, através da interação dos sons produzidos por essas quatro linhas, com qualidades diferentes no tipo de actuação na corda (percussão e fricção) e na dispersão do som pelos sistemas de amplificação.
O funcionamento dos Funâmbulos será dirigido por cada participante através de telecomando permitindo a procura e encontro de frequências e texturas que se decidem fazer soar, na construção de uma composição coletiva.

Glissando: passagem suave de uma altura a outra. É uma expressão originada da língua italiana utilizada na terminologia da música.
Andante: ritmo do andar humano, agradável e compassado (75-107 bpm)
Funâmbulo: aquele que anda ou dança em corda bamba.
Funambulus: gênero de roedores da família Sciuridae, os esquilos.

www.oficinasdoconvento.com

17.07 // com Madalena Matoso

Tenho uma dúvida: o furo é uma coisa que existe ou que não existe?

A existência dos furos
Se fizermos um furo numa parede, podemos dizer que é o que existe no meio da parede vazia: — “Não havia nada e fizemos um furo”.
Mas também podemos dizer que é o espaço vazio no meio da parede cheia (o bocadinho de parede que falta).
Conclusão: Talvez se possa dizer que o furo existe quando não existe. Existe quando falta alguma coisa.

Uma coisa é certa: uma placa cheia de furos é uma placa cheia de espaços vazios. Cada furo é um espaço por preencher. Cada espaço vazio é um convite e uma oportunidade. Vamos usar uma placa furada e tecer como as aranhas. Podemos entrelaçar fios e elásticos, prender palhas e paus, experimentar como se aguentam folhas e pedras. A proposta é partir duma base comum e transformá-la numa peça única, memória deste espaço, de nós, neste dia.

www.planetatangerina.com/en/sobre/madalena-matoso

21.07 // com Gustavo Costa e Henrique Fernandes (SONOSCOPIA)

Que som é este?

Sononautas
3, 2, 1. Fechamos os olhos e partimos nesta viagem cósmica pelo som, conduzidos pelas ondas hertzianas até aos confins da nossa imaginação. Fora do planeta Terra, todos os sons são possíveis, e há muitos outros por descobrir. Munidos de equipamento apropriado, partimos nesta aventura para que no regresso possamos contar muitas histórias com os sons que fomos descobrindo e coletando pelo caminho.
À chegada, os participantes são levados com uma venda para um espaço mais isolado. São tocados três sons, e os participantes têm que tentar identificar o som que estão a ouvir. Não há respostas erradas!

www.sonoscopia.pt

24.07 // com Sara Henriques e Rui Rodrigues (RED CLOUD TEATRO DE MARIONETAS)

O tempo é igual para todos?

Between
Reduzir o espectro visível de cores afeta a velocidade do tempo, porque o vemos às fatias. Ver o tempo às fatias faz bem. Lá fora vemos “Between” só a conseguimos ver porque vive a maior parte do tempo slow motion, entre fatias e camadas de tempo infinito.

Nesta oficina há música e, nas mesas, para cada participante, está uma caixa de óculos (para uso particular) feita de cartão com duas janelas “porta filtros”, à disposição estão também tiras de madeira. Várias pequenas “lent

es” (folhas de filtro de luz de várias cores) que encaixam nas janelas dos óculos. Ao colocá-los entramos em tempo slow motion… Cada participante escolherá as cores para observar o espaço à sua volta, e tiras de madeira (uma ou duas) para acrescentar ao seu corpo (braços) para que possa alterar a sua fisicalidade esticando e alterando a percepção de si e do espaço envolvente. “Between People V1.0” apresenta uma marioneta humana, uma personagem que vem de um espaço indefinido e infinito. É dupla, anacrónica, imaginária e está à deriva por espaços diferentes. Relaciona-se com o tempo, com as pessoas e procura a permanência de um tempo lento como forma de resistência à velocidade do quotidiano humano.

Produção: Red Cloud Teatro de Marionetas
Direção artística: Sara Henriques e Rui Rodrigues
Design e Marionetas: Rui Rodrigues
Música: Pedro Cardoso
Performer: Sara Henriques
Desenho de figurinos: Pedro Ribeiro
Assistente produção: Rita Almeida

www.redcloudmarionetas.com


NO PRADO | com Nuno Torres (OSSO colectivo)

Como fica o longe tão perto?

Uma espiga no prado
Fechamos os olhos e escutamos o que não vemos. Gritamos e imaginamos que alguém nos ouve ao longe. O horizonte, esse espaço aberto que a vista alcança e que os ouvidos escutam, está cheio de grandes e pequenos sonhos. Uma experiência que nos vai levar a comunicar com o outro, a ocupar o horizonte com as nossas vozes e a escutar o retorno de sons que surgem de lugares improváveis.

 

 

nunotorres.net


NO POMAR | com Ricardo Jacinto (OSSO colectivo)

Quando é que sentimos o tempo?

Coisas daqui, de acolá e de outrora
As paisagens, os sítios, as pessoas, os animais, as plantas, os fungos, as construções e tudo o que conseguimos nomear e que encontramos à nossa volta, vai estando connosco, transformando-se, sofrendo alterações, movendo-se de sítio, mudando de cor, ficando cada vez mais crescido, mais velho ou mais maduro. O tempo parece impossível de parar, mas será sempre possível de contemplar.

A partir de uma escuta e de um olhar atento ao que nos rodeia no Pomar, vamos experimentar “conversar” com o tempo!

 

www.ricardojacinto.com


NA EIRA | com Ana Luísa Veloso

Que palavras te vieram à cabeça?

Momento final
Terminados os diversos percursos pela Escola dos Labirintos, a eira convida a uma reflexão sobre os diferentes momentos vivenciados ao longo desta viagem. A partir de uma imersão/instalação sonora dupla que revela, por um lado, a paisagem sonora do exterior onde as crianças se encontram nesse momento, e, por outro, ecos vindos dos espaços percorridos ao longo destes Labirintos, as crianças são desafiadas a tomar consciência das sensações e pensamentos evocados por aquilo que é escutado. Essa tomada de consciência concretiza-se através da palavra escrita, momento final de cada trajeto individual e coletivo, inscrição simbólica do que foi sentido, pensado, experienciado por cada um.

http://www.inetmd.pt/index.php/pessoas/integrados/136-ana-luisa-veloso