A décima quinta edição da EIRA decorre de 20 a 27 de Julho de 2024 e conta com a participação do professor e artista sonoro Diogo Tudela, que esteve em residência na OSSO com alunos do mestrado em New Media da Escola de Artes da UCP, e apresentará vários programas de rádio.
Ile Jo Castro, que nas últimas semana tem estado a fazer uma residência prolongada de criação na OSSO, vai também apresentar um programa e falar-nos do seu universo de movimento, em conjunto com membros da sua equipa criativa.
Vamos poder também escutar uma conversa com, e um programa de, Gil Delindro, artista sonoro que esteve em residência na OSSO no passado mês de Junho, no âmbito desta edição da EIRA.
O arquivo residente é a OSSA, a OSSO Sound Archive, que vai explorar as anteriores edições da EIRA e outras realizações sónicas.
Fechamos a programação desta EIRA com dois Dias Abertos (na OSSO e no Salão de São Gregório), com a perfomance dile Jo Castro, concertos de David Maranha + Manuel Mota, das Agressive Girls, do artista sonoro Gil Delindro, e do ensemble MEDUSA unit (Ricardo Jacinto, João Almeida, Yaw Tembe, André Hencleeday, Eleonor Picas, Alvaro Rosso e Nuno Morão).
Aceda aqui aos projectos radiofónicos desenvolvidos pelos artistas, investigadores e colectivos convidados para esta décima quinta edição da EIRA. Ouça também as suas conversas com membros da OSSO.
Gil Delindro
Gil Delindro (1989, Porto) É um artista Sonoro e Visual com amplo reconhecimento internacional. O seu processo de trabalho tem por base a pesquisa intensiva de campo: destacam-se: o deserto do Sahara (The Weight of Mountains, 2015), Floresta tropical Brazil (Resiliência, 2017), norte rural do Vietnam (Blind Signal, 2019), glaciar do Rhone (La Becque 2019), Vulcões de Auvergne (Intramuros 2020), Northumberland National Park ( VARC 2022).
Recebeu prémios de instituições como: EPO ( European Patent Office), EMAP (European Media Art Platform), EDIGMA (prémio media art, PT), Berlin Masters Award (DE), ENCAC (Rede Europeia de Criação Audiovisual), Fundação Calouste Gulbenkian (PT), Berlin Senate for Kultur & Europa (DE), Goethe Institute (DE), OSTRALE (DE), STEIM foundation (NL), Ford Foundation (Resiliência, Brasil), Fundação Françoise Siegfried Meier (La Becque, Suíça), EOFA (Embassy of Foreign Artists, Suíça), VARC (Visual Arts in Rural Communities, UK), entre outros.
A sua obra encontra-se representada em coleções privadas e públicas, e já apresentou trabalho na América do Norte e Sul, Ásia e Europa.
Em 2016 foi selecionado pela plataforma SHAPE, como um dos artistas sonoros mais inovadores da Europa, sendo programado por festivais de referência como MusikProtokoll (AU), Novas Frequências (BR), CynetArt (DE) Athens Digital Arts Fest (GR), ARS Eletronica(AU), Submerge festival (UK), Semibreve (PT), Lisboa Soa (PT).
Tem trabalho publicado em disco pela Tzadik (Nova Iorque), Sonoscopia (Porto) e Ausland (Berlim), entre outros.
Conversa com Gil Delindro e Nuno Môrao
Gil Delindro OSSO compilation
Concerto Gil Delindro, no Salão São Gregório Ginásio Clube
Jo Castro (1988, Porto).
Artista não-binárie transdisciplinar que desenvolve projetos entre a dança, a performance, a instalação, a voz e o som, tendo apresentado algumas das suas obras em Portugal, França, Bélgica, Alemanha e Brasil.
Com um universo criativo essencialmente autobiográfico, envolvendo questões como a morte, a destruição e a espectralidade que invadem a sua experiência pessoal e artística, as questões de género são também transversais ao seu percurso numa pesquisa de ume corpe que des(re)constrói a sua imagem e opera em estados ENTRE – no limiar das fronteiras do humano, sem género.
Dos seus projetos na área da dança/performance destaca “Perto… tanto quanto possível” (2014), “EVERLASTING” (2016), “SU8MARINO” (2017/18), “RITE OF DECAY” (2019/20), “and STILL we MOVE” (2021), “Darktraces” (2021) e “ D̶ iar̶ ̶kti r̶ ̶ac̶ e̶ ̶s:̶ on ghosts and spectral dances” (2022).
Tem o curso de intérprete profissional de dança pelo Balleteatro Escola Profissional (2003 a 2006), frequentou o Programa de Estudo, Pesquisa e Criação Coreográfica no Fórum Dança em Lisboa em 2008, recebeu uma bolsa de estudos do NEC em 2009, recebeu a bolsa para o programa DanceWeb em 2013, tirou um curso de produção de áudio na escola Bi-Motor em 2015, frequentou a pós-graduação de especialização em performance na FBAUP em 2016/17 e atualmente frequenta o curso profissional de música eletrónica e produção musical na Academia de Música do Porto. Nos últimos anos tem vindo a desenvolver alguns projetos em colaboração em cinema e vídeo-dança, tendo co- realizado a curta “Ø ILHA” (2020) com Cláudia Varejão, “Darktraces” (2021) com Miguel De e o filme “ D̶ iar̶ ̶kti ̶r̶ac̶ e̶ ̶s:̶ on ghosts and spectral dances” (2023) com João Catarino.
Atualmente desenvolve LABIA, um projeto de investigação transdisciplinar de natureza processual e transmutante.
Conversa com Nuno Morão, Jo Castro, Lui LAbbate e Rezmorah
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LABIA
LABIA é um projeto de investigação autobiográfico de carácter processual permanente, que nunca se fixa, mas que se transforma em cada momento e espaço que ocupa.
Partindo da não-binaridade como ação de desestabilização da própria identidade, LABIA propõe um encontro entre artistas multidisciplinares e transdisciplinares, que navegam entre mundos sem se encerrar em formas enraizadas de operar, numa coexistência e ressignificação das suas (res)(ex)istências.
Aliades a um pensamento transfeminista interseccional propomos a urgência de devir-coletividades preservando as nossas subjetividades e relação desierarquizada entre estas. Construimos um universo que possibilita extrapolar, transcender a materialidade individual e corpórea, desfazendo a lingua(gem) colonizadora e binária, propondo discursos da língua a partir do seu gesto, ampliando as suas múltiplas possibilidades, num processo artístico e de vida sem fim. Na ação de Transmutar, Transitar, Transpirar, Transgredir, Transtornar… criando outros sentidos e abrindo espaços para o encontro com uma estética detravessianadireçãodefuturos(̶ın̶ ̶)imagináveisdeexpansãoexistencialnoaquieagora.
Labia programa-performance na adega da Osso
Performance Labia na adega da Osso
Música ao vivo na OSSO. Este concerto será transmitido em FM 89.6 MHz (São Gregório e arredores) e streaming neste player.
Manuel Mota & David Maranha
Manuel Mota – guitarra eléctrica
David Maranha – órgão eléctrico
Manuel Mota e David Maranha têm, ao longo dos últimos 25 anos, mantido uma colaboração permanente. Em duo, ou em colectivos como Osso Exótico, Curia ou com os Dru, em colaboração com músicos como Chris Corsano, Richard Youngs ou Z’EV, percorreram um caminho com uma forte base no drone experimental, o noise e o improviso que recentemente desembocou numa música eletrónica que ainda carrega de uma forma perceptível todo o caminho que percorreram.
Manuel Mota (Lisboa, 1970) Guitarrista com actividade pública desde 1990.
A sua música inspira-se numa multiplicidade de referências, transmitindo um sentido enigmático de intemporalidade. A sua actividade artística tem sido maioritariamente underground sendo isso um factor importante para alguns aspectos inerentes ao seu trabalho – ausência de adornos, simplicidade de meios e as gravações caseiras são exemplos notáveis. Fundou a editora discográfica Headlights em 1998-99, onde tem lançado a maior parte da sua música. Selecção de outras editoras onde lançou a sua música: Room40, Blue Chopsticks/Drag City, Holidays e Yew. Colaborações duradouras com Margarida Garcia e David Maranha/Osso Exótico.
David Maranha nasceu na Figueira da Foz no ano de 1969. A sua obra abrange a música, a arquitectura e a escultura. Em 1986 começou a desenvolver o seu trabalho como músico tanto a solo como com várias bandas tendo lançado 40 álbuns desde então. Colaborou ainda com vários músicos como Manuel Mota, Chris Corsano, Alex Zhang Hungtai (Dirty Beaches), Z’EV, Richard Youngs, Jean-Hervé Peron, Margarida Garcia, Helena Espvall, Phill Niblock, David Grubbs, Akio Suzuki, Will Guthrie, Andrea Belfi, Jochen Arbeit (einstürzende neubauten), Minit, David Thomas (Pere Ubu), Phill Minton, Emmanuel Holterbach, Pete Simonelli, David Daniell, Margarida Garcia, Arnold Dreyblatt, Jacob Kirkegaard, Carla Bozulich, Simon James Phillips, Chris Cutler, BJ Nilsen, Werner Durand, Robert Rutman, etc. Fez ainda parte dos seguintes trabalhos colaborativos: Osso Exótico (André e David Maranha, Patrícia Machás, Francisco Tropa e Manuel Mota), trio com Richard Youngs e Chris Corsano, trio com Alex Zhang Hungtai e Gabriel Ferrandini, Duo com Z’EV, Duo com Will Guthrie, Organ Eye com Patricia Machás e os australianos Torben Tilly e Jasmine Guffond, Bowline com Francesco Dillon no violoncelo, Curia com Manuel Mota e Margarida Garcia Afonso Simões, Dru com Manuel Mota e Riccardo Wanke.
Termina os estudos de arquitectura no ano de 1993 na Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa e tem desenvolvido trabalho desde então, criando um corpo de trabalho que inclui edifícios públicos como museus, escolas, hospitais, residências sénior e cemitérios. A maior parte da sua obra arquitetónica foi construída na região de Sintra. Podemos destacar os seguintes edifícios, Creche de Fação (1999), Escola Primária de Casal do Cotão (1999), Escola Primária e Jardim de Infância de Belas (2000), Cemitério Pero Pinheiro (2001), Lar de Idosos de Almada (2002) . ), Terminal Eléctrico da Ribeira de Sintra (2004), Museu da Ciência de Sintra (2005), Torre de Madeira da Ribeira de Sintra (2006) e Hospital de Massamá (2007).
A sua primeira escultura foi apresentada em 1993 no Boqueirão da Praia da Galé, Lisboa e intitulava-se Montre. Pode ainda destacar outros trabalhos como Opera, Experimental Intermedia (1998) Nova Iorque e Wesleyan University (1998) Connecticut; Lá ao espelho, reflexo de si, (1999) Paris; Tríptico, David Maranha + Manuel Mota em Appleton Square (2012) Lisboa; knell dobre glas, Galeria Quadrado Azul, (2012) Porto; Pálio, Flausina, (2012) Lisboa; Pergelissolo, Künstlerhaus Bethanien, (2013) Berlim e Avenida da Liberdade, (2013) Lisboa; Penumbra, Tuned City Festival, (junho de 2013) Bruxelas; Prefiguração geográfica, Sismógrafo, Porto (2014) e Appleton Square, Lisboa (2014).
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Nascido no Porto, em 1976, o seu percurso caracteriza-se por uma constante permeabilidade a vários estilos musicais, mas com um denominador comum: a experimentação e o constante desejo de renovação estilística. Ativo na cena underground desde o início dos anos 90, manteve um interesse e atividade paralela no meio académico, estudando percussão, tecnologias musicais, sonologia, teoria, composição e media digitais, e lecionando em várias instituições de ensino superior em Portugal. Num período de 30 anos, fez parte de inúmeras bandas e formações de vários espectros estilísticos, colaborando com centenas de músicos em inúmeros espetáculos distribuídos por vários pontos do globo. Nos últimos anos tem concentrado grande parte da sua atividade na Sonoscopia, coletivo e associação da qual é fundador e onde se dedica à exploração sónica através de vários formatos de criação e colaboração.
Concerto Manuel Mota & David Maranha na oficina da OSSO
Música ao vivo na OSSO. Estes concertos serão transmitidos em FM 89.6 MHz (São Gregório e arredores) e streaming neste player.
Agressive Girls, nova banda punk eletrónica de Dakoi e Diana XL, lança em 2024 o seu EP homónimo. Compactam em 7 faixas o pacto de sangue entre beats sujos e barulhentos e a voz crua e sentimental, encontram-se num cruzamento entre vivências emocionais e a música feita por computadores. Focam as suas emoções vividas a 200% no presente e trazem uma sonoridade de raiva queer lésbica, sem barreiras, sem medos e sem espaço para meio termo.
Gritam sobre as frustrações com o mundo e com quem as enfrenta, o namoro entre a vida e a morte que as deixa esfomeadas de viver. Com base nas sonoridades ouvidas em teenager, imortalizam os seus ideais e crescimento. Inspiradas em subgéneros do metal, dubstep e trap, misturam todas as referências numa desconstrução rasgante.
Acompanham a trajetória musical uma da outra desde o início das suas carreiras a solo, desta vez juntam-se para trabalhar num projeto que quer explorar a personalidade e referências musicais pós-teenager de cada.
Concerto Agressive Girls
Ensemble de instrumentos acústicos, electrónica e objectos ressonantes
Alvaro Rosso — contrabaixo
André Hencleeday — órgão
Eleanor Picas — harpa
João Almeida — trompete e electrónica
Nuno Morão — percussão e harmónio
Ricardo Jacinto — violoncelo e electrónica, composição e direcção
Yaw Tembe — trompete e electrónica
A MEDUSA unit é um ensemble que dá continuidade ao projecto a solo (para violoncelo, electrónica e objectos ressonantes) que Ricardo Jacinto tem vindo a apresentar desde 2014. Este projecto incluiu o desenvolvimento de um dispositivo eletroacústico que, servindo-se de um sistema de amplificação com microfones distribuídos por diferentes pontos do violoncelo e de um sistema de difusão com vários altifalantes de contacto acoplados a objectos ressonantes, permitiu explorar a possibilidade de fragmentação e dispersão sónica das suas acções no corpo do instrumento, articulando a sua auscultação microscópica com paisagem sonora e a acústica do espaço circundante.
Com uma formação variável mas composta sempre por intérpretes-improvisadores, esta unit apresenta-se como uma continuação das premissas iniciais do projecto mas agora focada também nas possibilidades de hibridação de vários instrumentos acústicos através de um sistema electroacústico de interação ressonante, onde as interferências de sinal e redes de feedback são a base para uma música que procura interpretar as características específicas dos espaços de concerto, resultando numa música fortemente textural, com raízes no minimalismo e no espectralismo.
Concerto de Medusa Unit no Salão São Gregório Ginásio Clube
Diogo Tudela (Porto, 1987) é um programador e fazedor interessado em sistemas sintáticos, linguagens formais e representações alográficas. Concluiu a Licenciatura em Som e Imagem em 2009 e o Mestrado em Artes Digitais em 2011, ambos na Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa, instituição onde estagiou enquanto investigador no CITAR — Centro de Investigação para a Ciência e Tecnologia da Arte, e onde lecionou a unidade curricular de Tipografia e Design de Comunicação na Pós-Graduação em Design Digital, entre 2012 e 2014. Atualmente leciona na licenciatura de Arte Multimédia do ISMAI, na Pós-Graduação em Gravura da FBAUP, e na licenciatura em Artes Plásticas e Intermédia da ESAP. Em 2015 foi finalista do prémio Novo Banco Revelação da Fundação Serralves, e selecionado para integrar a seleção oficial do BAFTA Qualifying ASFF. Em 2017 apresentou a peça “Solar Paramétrica” no CAAA, Guimarães, através de uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian.
01_DOM
02_Vocal Engineering
03_Motordromo Sintético
04_Free Play Session
05_If Machine
06_Batidas e Instrumentais
07_Preliminary Studies
08_Dub Session for “WORK”
09_No Input Mix for “WORK”
10_TOOLING
11_Eurodance Variations
12_Reggaeton or a Haptic Lecture on Pressure to the North (Research Podcast)
13_Tendency Mix for OSSO
14_SMUP Residency Outputs
Nos intervalos das conversas e concertos será emitido o Arquivo Sonoro da OSSO. A OSSA conta com doações sonoras de membros do colectivo e de residentes da EIRA, apresentando-se como a pegada imaterial de nossas afinidades sónicas.